Próxima saída sabado 26 Maio pelas 7,30 horas na Paluse .

domingo, 16 de janeiro de 2011

(EM)PENEDO DAS LETRAS

O Domingo começou como o costume. Estava ameno e não havia indícios de chuva, tempo ideal para complementarmos a jornada anterior. O objectivo era alcançar o Penedo das Letras. Como na semana anterior, seguimos em direcção a Vale de S. Cosme. A partir daqui alteramos o percurso. E se na primeira tentativa abordamos o monte através de Telhado e que, apesar de muita informação solicitada (até duas gralhas se prestaram a isso), não conseguimos localizar o tão desejado penedo, desta feita, seguimos o rumo de Sezures, abordando o monte pela vertente oeste. Até chegar a ele já tivemos que fazer algumas subidas íngremes por caminhos estreitos de alcatrão, que nos provocou muito desgaste físico. Desistir…!? Nem pensar. Recompusemo-nos, ávidos por um momento de literatura pétrea.

   Rumamos monte acima, agora por trilhos em terra e muito complicados, não só pela sua inclinação, mas também devido aos muitos sulcos provocados pelas últimas chuvadas.
   Sem nos darmos conta, já estávamos no entroncamento de trilhos em que abdicamos no Domingo anterior. Facto que viria a repetir-se pelo nosso Scriba que, com muita pena sua e por motivos pessoais – confessou – não poderia prosseguir. Da mesma forma, mas por razoes altruístas e solidárias, estamos certos, se decidiu o nosso Tenor

   Depois de alguma indecisão do caminho a seguir e, pedido um parecer ao nosso Batedor, ele foi peremptório: - Vamos por este – Disse. Claro, como o costume, numa situação de dúvida, o Zé não hesita. Era o trilho que ia em direcção ao céu. Afoitos e decididos a lograr o intento que nos propusemos, rumamos ao inferno. Até as nossas biclas suplicaram para que lhes desse descanso.


   Foi o que fizemos quando avistamos o que pensávamos ser o dito penedo. Pedras? Havia muitas. Mas depois de as pesquisar uma a uma, nada de letras. Notava-se, pela pedra partida, que o local seria uma pedreira o que nos fez pensar que, talvez, tivessem destruído a obra. Passou-nos pela cabeça uma pequena tranquibérnia: “- Tira-se uma foto a um penedo e o nosso Scriba fará uma montagem com umas letras a preceito “. Sugeri. …Não! Nem pensar. Desde logo, o Scb. não iria embarcar nesta patetice e por outro lado o Bat. estava mesmo decidido a descobrir o pedregulho.
   Notava-se que o Wolf, ainda a recuperar da maleita que o tinha acometido na semana anterior, revelava alguma exaustão, mas o local e o momento ainda não era o ideal para o almejado lanche. 


   Depois de percorrermos vários trilhos, entre pinheiros e eucaliptos, e sem vermos viva alma, foi com um sorriso esforçado que perguntamos, mais uma vez pelo dito- cujo, a um casal de jovens que descia a encosta guiados por um cão a mostrar ser bem tratado. Depois de nos olhar bem no rosto, lá responderam com um sorriso que, a mim, me pareceu um pouco sarcástico como que a dizerem, “estes nunca mais chegam lá!” como os velhos do Restelo: - É sempre em frente! Exclamaram.

   Em frente e mais uma vez a subir. Este trilho parecia nunca mais ter fim. Realmente o céu parecia estar cada vez mais perto. Ora descansando um pouco, ora dando descanso às nossas burras, (só o batedor foi capaz de a dominar até ao topo), chegamos ao cimo do monte.
Finalmente um pequeno planalto com muitos caminhos aqui a desembocar. Algum deles iria, com certeza, chegar ao nosso desígnio.
Após uma curta prospecção, conseguimos vislumbrar um pinoco encimado por uma cruz em pedra. Teria de ser ali.


   Chegamos. O que nunca pensei, foi que o dia fosse de romaria para os betetistas. Na verdade, aquando a nós, um enorme grupo alcançava o penedo vindo da encosta sudeste, grande parte deles, apeados e a empurrar as suas biclas.

   Alguns minutos depois, outro grupo chegava atrás de nós, também, totalmente estafados.

Depois de tirarmos as fotos da praxe, começamos a pensar no lanche, mas naquele sítio começava a haver muita concorrência para ele. 
Claro que a solidariedade é algo que nos fica bem e que não a refutamos, mas, na verdade, não o poderíamos ser para com todos e por isso procuramos num pequeno descampado situado mais abaixo, o momento tão desejado. 

   Seria neste momento que recebemos uma chamada do nosso Tenor a querer inteirar-se da situação. Lembro-me de lhe ter dito que se podia ver Braga, (sem ser por um canudo), pela vertente Norte. Disse-lhe, também, que no momento da passagem de um avião pelo local, tivemos a sensação do cheiro a combustível e da reacção do ar por ele provocado. Por isso, meus caros companheiros, não precisamos de ter asas para chegar tão alto. Uma CBF de ferro fundido, a trituradora do Wolf, as duas rodas rolantes do Batedor e a vontade dos Bikenaturas põem as nuvens aos nossos pés e o céu ao alcance das mãos.
   Eram cerca de 11H30 quando encetamos a viagem de regresso. Optamos pelos trilhos que já conhecíamos do Domingo anterior, á excepção de um que o tivemos que descer com muito cuidado devido aos sulcos que atrás referi, e que nos trouxe até Telhado.



Daqui até Bairro foi sempre a rolar empurrados por vários aromas gastronómicos que de vez em quando sobravam das cozinhas da região.

Foi duro mas conseguimos.
El Presidente
Os montadores das "burras" penaram durante 42 km.

Os BiKeNaTuRaS "Duros":
, e 

Os BiKeNaTuRas " Semi-Duros":
  





1 comentário:

Belcoe disse...

Eis mais um relato do nosso Presidente cheio de sentimentos humorosos e "suado". Tive muita pena de não ter ido até ao dito cujo visto que ele ainda não está no meu álbum de conquistas. No entanto fico orgulhoso de pertencer a um grupo "quinquagenário" que mostra a muita boa gente que ainda combate os "mostrengos" da zona e não só.